Uma vitrine do transporte coletivo

24/07/2018

Uma vitrine do transporte coletivo

 

Fonte: AutoBus

 

Uma vitrine do transporte coletivo

 

A cidade representa um laboratório e uma plataforma que impulsionou e impulsiona diversos tipos de configurações dos ônibus e seus sistemas de propulsão. São diversos os conceitos conhecidos

A maior cidade brasileira e da América Latina, considerada uma vitrine de oportunidades em muitos segmentos, sejam eles comerciais, de negócios ou em termos de mobilidade, tem deixado a desejar nos últimos tempos quanto a promover iniciativas que busquem um melhor ambiente e transporte público para seus habitantes. A São Paulo de outrora, que já serviu de exemplo no setor de transporte coletivo, proporcionando conceitos até então nunca vistos nos serviços de ônibus urbano do Brasil, encontra na atualidade uma série de dificuldades para proporcionar avanços no seu  modal que leva e traz seis milhões de pessoas diariamente.

O principal meio de transporte de massa da capital paulista não consegue evoluir para alcançar resultados de eficiência e desempenho. Diversas gestões municipais que passaram não levaram em consideração a modernização dos serviços, não mostrando compromisso com a causa da mobilidade. Dá-se a impressão que a acomodação de um sistema tão fundamental para o desenvolvimento urbano possa trazer ganhos para determinados envolvidos com o segmento. São vários os aspectos abrangidos com essa não evolução, a      começar pelo processo de licitação dos serviços que se arrasta há alguns anos, sem atingir uma solução viável que dê condições para que os serviços sejam satisfatórios. A proposta para uma rede conectada de corredores exclusivos também falhou e anda a passo de tartaruga, sendo sempre questionada pelos órgãos de fiscalização do município. A racionalização dos serviços é outra demanda sempre observada, vindo de carona na implantação dos corredores para a obtenção de ganhos operacionais.

Em relação ao meio ambiente, tratando aqui da substituição da frota por veículos mais limpos, a lei municipal responsável por esse aspecto é debatida e questionada constantemente. Há uma definição de quanto deve-se reduzir as emissões poluentes dos ônibus, mas, falta algo a ser explicado no tocante a investimentos, pois a adoção de novas tecnologias que trazem conceitos alternativos ao tradicional combustível diesel, esbarra nos altos custos, sejam de aquisição ou operacional.

A cidade representa um laboratório e uma plataforma que impulsionou e impulsiona diversos tipos de configurações dos ônibus e seus sistemas de propulsão. Nela, foi possível conhecer a tração elétrica, com os trólebus, o uso de combustíveis alternativos, como o gás natural/biogás, etanol, biodiesel e mais recentemente os modelos a baterias. Também a acessibilidade, por meio dos chassis com piso baixo, foi um diferencial aplicado para promover conforto ao passageiro. As ruas paulistanas ainda serviram de palco para o desenvolvimento dos veículos de maior porte, os chamados superarticulados, além das modernas tecnologias de transmissão, fato que comprova a extrema importância da cidade quando o objetivo é promover o ônibus e seus benefícios.

E as operadoras locais são exemplos positivos em como efetuar serviços para atender a população em meio aos caos provocado por um trânsito oriundo da nítida preferência pelo transporte individual.

Como se vê, São Paulo tem a reputação de promover a reformulação do modal, fator de estímulo para ser aplicado em outras grandes cidades do Brasil. Entretanto, necessita propiciar melhores condições para que os serviços de  ônibus sejam atraentes, viáveis e eficientes. O compromisso do gestor público para que isso seja uma realidade é um imperativo para que as vantagens sejam colocadas em prática no cenário. A vitrine São Paulo, que expõe as diversas marcas fabricantes de ônibus e os conceitos de mobilidade, é muito significativa, mas anda um pouco embaçada.

Imagem - Reprodução