Cidade de São Paulo estuda ajustes para recuperar passageiro de ônibus no pós-pandemia

10/05/2021

Fonte: Diário do Transporte

Ônibus terão desafio de atrair passageiros com maior eficiência

Gerenciadora dos transportes municipais da capital paulista diz que analisa exemplos de outras cidades para estimular o uso do transporte coletivo como modo principal de viagens e desencorajar o uso do automóvel

ADAMO BAZANI

A SMT (Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes) da cidade de São Paulo estuda alterações no planejamento do sistema de ônibus para o pós-pandemia de covid-19.

A informação foi confirmada pela gerenciadora ao Diário do Transporte por meio de nota na última semana.

Para isso, está sendo feita uma análise dos atuais comportamentos de viagem e projeções de como o paulistano vai se deslocar no futuro.

“Além da crise na saúde pública, a pandemia trouxe uma crise econômica derivada. Trata-se de uma crise econômica sistêmica, de caráter internacional, com preponderância nos grandes centros urbanos. Com base nesse contexto e visando se instrumentalizar com informações para enfrentar o novo desafio provocado pela Covid-19 na mobilidade da cidade de São Paulo, a SPTrans busca conhecer o comportamento das viagens, principalmente projetando um cenário pós pandemia, para subsidiar o planejamento de suas ações, permitindo avaliar o serviço prestado, para que sejam realizados os ajustes e estratégias necessários.”

O sistema de ônibus da cidade está em reformulação com base nos contratos assinados com as empresas em setembro de 2019.

Foi instituída uma fase de transição, mas desde o ano passado os estudos para a conclusão da nova rede foram suspensos por causa dos efeitos da pandemia.

Atualmente, na cidade de São Paulo, a demanda de passageiros dos ônibus está entre 50% e 60% do habitual que era registrado antes da covid-19.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2020/09/03/estudos-para-implantacao-de-nova-rede-de-onibus-em-sao-paulo-serao-retomados-apos-pandemia-diz-sptrans/

A fase pós-pandemia pode mudar alguns pontos do planejamento anterior, sem, no entanto, alterar a estrutura geral pensada para a rede de ônibus.

De acordo com o que a SPTrans diz que tem observado, mesmo com o teletrabalho, a maiorias dos passageiros não deixou e nem deve deixar o transporte coletivo.

Com a pandemia, as dinâmicas de trabalho foram alteradas. Estudos realizados apontam que o teletrabalho está disponível, mas a maioria dos usuários do transporte coletivo continuará se deslocando e dependendo da oferta do transporte público para acesso à sua fonte de renda.

Em períodos anteriores à pandemia, giravam as catracas dos ônibus e terminais aproximadamente 3,3 milhões de pessoas por dia.  Atualmente, a quantidade aproximada é de 1,9 milhão de pessoas diariamente.

No auge das medidas restritivas contra a pandemia, entre abril e maio de 2020, a queda de demanda ficou em torno de 80%.

A frota também está menor também que antes da doença: aproximadamente 88% do habitual. São 11,8 mil ônibus circulando dos mais de 13 mil contratos para o sistema, segundo a SPTrans (São Paulo Transporte), que gerencia as linhas municipais.

Muito da queda dessa demanda se explica pelo home-office (trabalho em casa), pelo alto índice de desemprego e porque, muita gente com medo de ser contaminada e querendo evitar aglomerações, mudou a forma de se deslocar: carro próprio, aplicativo, moto, bicicleta ou mesmo caminhadas maiores.

Mas quando a pandemia acabar e tudo estiver controlado, a demanda que os ônibus transportavam vai voltar?

A aposta de empresas de transportes e especialistas no setor é que toda a demanda não será recuperada, pelo menos não em curto prazo, o que pode trazer impactos negativos nos congestionamentos, segurança do trânsito e na poluição, já que haverá mais carros e motos nas ruas.

Em compensação, há otimismo sobre a ampliação, mesmo com o fim da pandemia, dos modos não motorizados (caminhadas, bicicletas, etc) nos deslocamentos diários.

A SMT (Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes) diz analisar exemplos de outras cidades sobre as ações atuais e o que se pensa para os deslocamentos no pós-pandemia.

“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT), tem acompanhado experiências de outras cidades que apontam a preocupação da migração de usuários do transporte coletivo para o individual. Isso demonstra a necessidade de adotar medidas prévias para estimular o uso do transporte coletivo como modo principal de viagens e desencorajar o uso do automóvel.”

VELOCIDADE AOS ÔNIBUS E BICICLETA:

Ainda não há um consenso mundial sobre as melhores estratégias de mobilidade no momento atual de pandemia e para o pós-pandemia, mesmo porque, as cidades possuem realidades diferentes.

Mas há também muitas características semelhantes para metrópoles e megalópoles.

O que se vê em comum em diversas cidades, mesmo com aspectos sociais diferentes, é uma preocupação em garantir mais espaço para as bicicletas e ações para os ônibus ganharem velocidade e, assim, serem mais eficientes, conseguirem fazer mais viagens num mesmo período e, com isso, até lotarem menos.

Em julho de 2020, o The New York Times trouxe uma matéria especial dizendo que, além de uma gratuidade momentânea, os ônibus passaram a se tornar mais interessantes em Nova Iorque porque ganharam mais faixas exclusivas e prioridade nos cruzamentos por meio de equipamentos especiais nos semáforos.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2020/07/12/onibus-tem-atraido-mais-passageiros-que-metro-em-nova-iorque-e-e-visto-como-solucao-na-retomada-em-meio-a-pandemia/

No dia 05 de maio de 2021, a SMT da capital paulista realizou uma transmissão on-line que reuniu o secretário de Mobilidade e Transportes da capital, Levi Oliveira; subsecretario de Política de Movilidad de Bogotá, Juan Esteban Martínez Ruiz; e a subsecretaria de Planificación de la Movilidad de Buenos Aires, Lucila Capelli.

O colombiano citou como planos a ampliação em 40 km da rede de BRT Transmilênio, criação de linhas de metrô a expansão de ciclovias.

Já a argentina, disse que Buenos Aires investiu em ciclofaixas temporárias e permitiu o transporte de bicicleta no metrô. As ciclofaixas, construídas nas duas principais avenidas Córdoba e Corrientes, após a pandemia serão transformadas em ciclovias permanentes, num total inicial de 17 km.

Na abertura do painel o prefeito em exercício de São Paulo, Ricardo Nunes, descreveu de forma sucinta algumas das ações realizadas pela prefeitura, particularmente aquelas voltadas para segurança viária.

No transporte coletivo, Nunes repetiu o prometido no Plano de Metas: iniciativas de priorização do viário para o Transporte Público, como a implantação de 50 km de faixas de ônibus, e a construção de 40 km de corredores.

O secretário de Mobilidade e Transportes da capital, Levi Oliveira, em sua fala estendeu as ações descritas pelo prefeito em exercício, também priorizando os projetos dedicados à segurança viária e ao estímulo de uso da bicicleta. Foram citadas metas de salvar 2.780 vidas até 2028, e reduzir de 6 para 4,5 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes até 2024.

No caso das ciclovias, a meta é ampliar a rede cicloviária em 177 km e recupera 281 km das existentes. Além disso, construir mais 300 km de ciclovias em quatro anos.