Empresas de ônibus de São Paulo se reúnem com prefeitura e pedem providências quanto ao “Uber Juntos”

06/12/2018

Empresas de ônibus de São Paulo se reúnem com prefeitura e pedem providências quanto ao “Uber Juntos”

Opção permite que pessoas desconhecidas compartilhem o mesmo carro com ponto de embarque designado pelo aplicativo no momento da chamada. Viações acreditam que modalidade fica somente com o ônus do transporte

Fonte: Diário do Transporte 

 

 

As empresas de ônibus de São Paulo estão dispostas a fazer o que for possível para impedir que o “Uber Juntos” circule na cidade.

A modalidade consiste no compartilhamento do mesmo carro por pessoas que não se conhecem, mas que embarcam e desembarcam em pontos determinados pelo aplicativo ao longo do itinerário, elaborado de acordo com as solicitações.

Para as empresas de ônibus, a modalidade não passa de transporte coletivo, igual ao que elas fazem, mas sem as mesmas exigências, como horários, itinerários fixos e transporte de gratuidades.

Como noticiou o Diário do Transporte, primeiro foi uma carta à Secretaria de Mobilidade e Transportes. Agora, a cobrança ocorreu pessoalmente.

Na última segunda-feira, 03, representantes do SPUrbanuss – Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, que reúne as companhias de ônibus do subsistema estrutural, estiveram reunidos com o diretor do DTP – Departamento de Transportes Públicos da prefeitura da capital paulista, Marcos Antonio Landucci, para discutir o “Uber Juntos”.

O subsistema estrutural é operado pelas empresas que possuem os ônibus de maior porte e que ligam as diferentes regiões passando pelo centro da cidade.

Em entrevista ao Diário do Transporte, nesta terça-feira, 04, o presidente da entidade, Francisco Christovam, afirmou que a modalidade “Uber Juntos” trava uma concorrência predatória com as empresas de ônibus pelo fato de transportar passageiros de forma coletiva, mas sem as mesmas obrigações das viações, como gratuidades, pagamento de direitos trabalhistas, custos de manutenção dos veículos (que no caso da Uber, é o próprio motorista que paga) e cumprimento de horários e itinerários, independentemente do número de passageiros.

“É um ‘serviço clandestino’ que está surgindo por aí. Isso que nos preocupa: a concorrência predatória, um sistema totalmente desregulamentado, que venha tirar o passageiro do sistema formal de transporte por ônibus e fazer uma concorrência que não vai trazer benefício para a população de forma nenhuma. Vai reduzir a arrecadação do sistema, a prefeitura vai ter de aportar mais recursos para poder suportar as gratuidades e esses recursos vão fazer falta nos cofres públicos” – disse

Christovam ainda disse que, na opinião das viações, o serviço deve ser complementar ao sistema de ônibus, levando o passageiro da última parada até em casa e vice-e-versa.

Ao ser questionado pelo Diário do Transporte sobre as afirmações de que as empresas de ônibus estão perdendo passageiros para os aplicativos porque não ampliam a qualidade dos serviços prestados, Francisco Christovam diz que em São Paulo, a falta de estrutura para o transporte coletivo impede que o atendimento seja melhor.

“Nós [empresas de ônibus] estamos cada vez mais oferecendo veículos de melhor qualidade, com ar-condicionado, entrada USB, com internet de livre acesso a bordo, suspensão a ar, direção hidráulica. Mas estes veículos circulam num sistema viário que precisa ser melhorado. Se a cidade não melhorar as condições de infraestrutura que é oferecida para estes veículos circularem, e aí não estou falando só das ruas, mas também dos pontos de parada, dos abrigos, dos terminais, da acessibilidade e de todos os outros equipamentos, nós não vamos lograr sucesso. Isso sem falar da necessidade de uma central de controle operacional, de um melhor sistema de comunicação com nossos clientes e até na melhoria da capacitação dos nossos operadores, coisa que a gente [empresas de ônibus] já vem fazendo, porque isso está ao nosso alcance, orientando os motoristas não só sobre direção defensiva e direção econômica, mas como tratar bem o passageiro” – comentou.

Christovam disse que o sindicato ainda não tem uma estimativa de quantos passageiros as empresas da capital paulista teriam perdido para os aplicativos.

Ouça na Íntegra:

SPURBANUSS-UBER-JUNTOS

Na semana passada, a NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, que reúne em torno de 500 companhias de ônibus no País, divulgou uma carta aberta na qual falam dos impactos dos aplicativos nos sistemas de transportes públicos e nas receitas das empresas.

Em entrevista ao Diário do Transporte, o presidente da entidade, Otávio Cunha, disse que em algumas cidades, a perda de demanda para todas as modalidades de aplicativos foi de em torno de 5%.

Na visão de Cunha, permitir as modalidades Uber Juntos e Pool + seria o mesmo que decretar o fim do setor de transporte coletivo, que já acumula perda de 25% dos passageiros de 2014 a 2017.

O Uber Juntos e a outra modalidade lançada pela 99 em Belo Horizonte são serviços que se travestem de transporte público e não são mais transportes individuais de pessoas. Em uma mesma viagem, ele opera em determinado percurso e vai angariando passageiros ao longo do trajeto”. Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2018/11/29/empresas-de-onibus-dizem-que-ja-perderam-5-dos-passageiros-para-aplicativos/

 

 

O OUTRO LADO:

Na tarde desta terça-feira, o Diário do Transporte procurou a empresa Uber para se posicionar sobre o assunto. Não houve resposta. Na tarde de hoje, foi reforçada a solicitação, mas como de outras vezes, sem retorno da empresa Uber.