Empresas de ônibus querem legislação mais flexível para fazer frente a aplicativos que roubam passageiros
20/08/2019
Empresas de ônibus querem legislação mais flexível para fazer frente a aplicativos que roubam passageiros
De acordo com presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, devem haver dois tipos de serviços: um básico e um complementar diferenciado
Adamo Bazani
Empresas de ônibus em todo País se reúnem nesta terça e quarta-feira, 20 e 21 de agosto de 2019 em Brasília, para discutir os problemas do setor de transportes e um dos principais assuntos é a perda de passageiros ao longo dos anos.
Parte destes passageiros deixa de fazer viagens de ônibus e migra em alguns deslocamentos para os carros de aplicativos, como Uber e 99, por exemplo.
Os debates ocorrem no Seminário Nacional da NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, em Brasília, com cobertura do Diário do Transporte.
De acordo com o presidente executivo da entidade, Otávio Cunha, para o transporte coletivo fazer frente à concorrência dos aplicativos, é necessário que a legislação sobre o setor seja flexibilizada.
“A legislação é necessária. Pelo tipo de serviço, que é o transporte coletivo, de interesse social, não dá para abrir simplesmente o mercado, havendo disputa pura e simples, mas os contratos devem oferecer alternativas para melhorar os serviços, oferecer mais opções” – disse na abertura do evento.
Uma das sugestões é que haja nos principais sistemas dois serviços: um básico de qualidade, com tarifas baixas e um serviço complementar, que pode ser por aplicativo de transportes coletivos, com preços mais elevados, mas um padrão maior.
Esse segundo serviço poderia subsidiar o básico.
O deputado federal Mauro Lopes, presidente da Frente Parlamentar Mista pelo Transporte, do Congresso Nacional, lembrou ainda que, além da necessidade de maior infraestrutura nas cidades para o transporte coletivo e flexibilidade na legislação, é necessário o combate com maior rigor ao transporte clandestino urbano e metropolitano, algo presente em várias cidades do país.
O presidente da ANTP – Associação Nacional de Transporte Público, Aílton Brasiliense, defendeu que as ações devem ser urgentes para a qualidade de vida nas cidades.
“Qualidade do transporte público é qualidade de vida. Não há outro caminho. Os deslocamentos têm de ser mais eficientes“.
O secretário extraordinário de mobilidade de Porto Alegre e presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes de Transporte Público, Rodrigo Tortoriello, disse que o problema de financiamento de transportes públicos é antigo, sem uma solução efetiva.
“Desde a época que Itamar Franco era presidente eu ouço que é necessário financiar o transporte coletivo sem depender exclusivamente das tarifas. Mas até hoje, não se implantou uma solução efetiva. O momento é de crise no setor de transportes públicos, mas é importante usarmos a tecnologia e soluções disruptivas em nosso favor” – defendeu.
O Seminário vai até amanhã, com painéis que discutirão diversos assuntos relacionados à mobilidade.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Colaborou Alexandre Pelegi