Mão dupla ampliada na av. Celso Garcia espreme carro e embola ônibus

25/06/2018

Mão dupla ampliada na av. Celso Garcia espreme carro e embola ônibus

Importante ligação da zona leste com o centro de SP muda a partir de julho

Fonte: Folha de São Paulo

 

 

SÃO PAULO
A gestão Bruno Covas (PSDB) está fazendo uma alteração viária em uma das principais ligações do centro com a zona leste de São Paulo, a avenida Celso Garcia. 

A mudança, porém, já traz preocupações sobre aumento de trânsito e até queda no desempenho dos ônibus que passam pelo local.

A CET diz que a alteração deixará a via mais segura para condutores e pedestres.

Atualmente, o eixo Rangel Pestana/Celso Garcia tem em sua maior parte quatro faixas. Três delas são dedicadas ao fluxo de veículos no sentido bairro. O sentido centro é, em quase toda sua extensão, exclusivo aos ônibus e funciona em apenas uma faixa.

A partir de julho, porém, a via terá duas faixas para cada um dos lados, permitindo que carros e motos usem uma das pistas para acessar o centro. A pista da direita no sentido centro continuará reservada ao transporte público.

Com a mudança, a mão dupla compreenderá um trajeto de 6,7 km, entre o largo da Concórdia e a avenida Airton Petrini, na altura do córrego do Aricanduva. Além de forte centro de compras, as avenidas são endereço de um parque estadual, uma maternidade pública, do Templo de Salomão (sede da igreja Universal) e condomínios. A região ainda recebe forte pressão imobiliária, com a construção de novos prédios.

Para o taxista Carlos da Costa, 76, que trabalha em um ponto da Celso Garcia, na altura do Tatuapé (na zona leste), a alteração vai facilitar suas viagens até o centro da cidade. “Nenhum passageiro quer pegar táxi para ir até o Brás [no centro]. Porque, uma corrida que em linha reta custaria R$ 20 acaba saindo por R$ 30 depois de tanta volta”, comenta ele.

As principais vias alternativas à Celso Garcia são a Radial Leste e a marginal Tietê, que forçam um desvio no trajeto e costumam ficar congestionadas durante todo o dia.

O mecânico Antônio Rizanti, 62, acha que a alteração na via resultará em mais trânsito no sentido bairro, que terá uma faixa a menos. “Hoje já trava a avenida inteira no fim da tarde. Com uma faixa a menos, será pior. O lado positivo é que os carros vão passar mais devagar e vão olhar mais para a oficina. Isso é bom para os negócios”, brinca.

Antônio ainda duvida que o ganho de uma faixa para veículos no sentido centro ajude. “Imagina o motorista que quer chegar no centro e sabe que a Radial Leste e a marginal Tietê estão travadas. Esse cara vai vir para a Celso Garcia e já-já aqui vai ficar lotado também”, analisa.

 

Mudança na av. Celso Garcia*

Uma das principais ligações entre o centro e a zona leste de SP funcionará como mão-dupla

 

 

 

A SPUrbanuss (representante das empresas de ônibus da cidade) estima que a alteração irá ainda diminuir a velocidade das viagens do transporte público na via. Os ônibus deverão ter a sua faixa à direita mantida, mas ainda assim, os novos veículos no sentido centro deverão causar mais transtornos e interrupções à operação das linhas.

A CET defende que a mudança aumentará a segurança na Celso Garcia. Para a companhia, um pedestre distraído poderia pensar que a avenida tem fluxo apenas para um dos lados e não prestar atenção na faixa de ônibus no contrafluxo. 

O engenheiro de tráfego Ivan Whately acredita que a justificativa é válida. “Com essa alteração, fica mais caracterizado para o pedestre que há veículos nos dois sentidos da via”, analisa ele.

A companhia disse que, em 2017, a Celso Garcia teve 22 atropelamentos, 14 deles envolvendo ônibus. Destes, dez ocorreram com ônibus que estavam no contrafluxo.

A CET disse ainda que fará alterações operacionais para que os ônibus não percam velocidade e mantenham a fluidez após as mudanças.

Segundo a CET, foram colocadas 15 faixas e outros 47 anúncios na região para informar os cidadãos sobre as mudanças previstas. A pintura no asfalto que divide os dois fluxos da via já foi feita.

A gestão Covas diz ainda que as alterações foram feitas para rever um sistema viário implantado na década de 1970 e que precisava ser mais seguro.