Ônibus em São Paulo perdem passageiros e remuneração das viações cresce

11/04/2019

Ônibus em São Paulo perdem passageiros e remuneração das viações cresce

Parte da queda da demanda foi atribuída às medidas antifraude do Passe-Livre. Relatório de administração da SPTrans ainda aponta cancelamento de 35 linhas . Gestora emitiu 86.129 autos de infração contra empresas de ônibus

Fonte: Diário do Transporte 

 

 

 

 

Parte da queda da demanda foi atribuída às medidas antifraude do Passe-Livre. Relatório de administração da SPTrans ainda aponta cancelamento de 35 linhas . Gestora emitiu 86.129 autos de infração contra empresas de ônibus

Menos pessoas usaram ônibus municipais na capital paulista no ano passado em comparação a 2017. A perda de demanda foi de 2,32%, ou 66,5 milhões de passageiros a menos entre 2017 e 2018.

Em 2018, o sistema de ônibus da cidade de São Paulo registou 2,79 bilhões de passagens pelas catracas. No ano anterior, em 2017, foram 2,86 bilhões.

Os dados fazem parte do relatório consolidado de administração da SPTrans – São Paulo Transporte,  gerenciadora dos serviços da capital,  publicado oficialmente nesta quinta-feira, 11 de abril de 2019.

No relatório, a SPTrans atribui a perda de passageiros dos ônibus ao maior número de feriados  e emendas em 2018 em relação a 2017 e às inaugurações de estações de metrô, além da medida para reduzir as fraudes do Bilhete Único Escolar gratuito (passe-livre) .

Uma parcela da redução está relacionada ao número de dias com operação normal entre os anos. No período de 2018, ocorreram 201 dias úteis e 71 dias atípicos entre: feriados, emendas de feriados, manifestações, jogos da Copa, etc, contra 217 dias úteis e 52 dias atípicos em 2017. Outra parte está relacionada às medidas antifraudes aplicadas no Passe Livre Estudante. As inaugurações das estações da linha amarela do Metrô: Higienópolis, em janeiro; Oscar Freire, em abril; e da linha Lilás: Eucaliptos, em março; Moema, em abril; AACD, em agosto; Hospital São Paulo, em setembro, Chácara Klabin e Hospital Santa Cruz, em setembro, também, tiveram impacto na redução da demanda do Subsistema Estrutural, principalmente nas Áreas de Operação 7 e 8. – diz trecho do relatório

 

 

Enquanto houve redução da demanda, a remuneração das empresas de ônibus pelas prestações dos serviços cresceu.

Ainda de acordo com o relatório, a remuneração das transportadoras cresceu 6,42% em 2018 na comparação com 2017. O maior acréscimo, de R$ 299 milhões (5,8%) foi para as viações que operam os ônibus de maior porte (subsistema estrutural). As antigas cooperativas, que operam os coletivos menores (subsistema local) tiveram acréscimo de R$ 192 milhões (4,7%).

Segundo o documento, em 2018, o valor médio de remuneração por passageiro transportado cresceu 8,95% em relação a 2017.

CORTE DE LINHAS E MULTAS:

O relatório da SPTrans ainda mostra que houve mais de 12 mil interferências da gerenciadora no sistema no ano passado.  A maior parte se refere à reprogramação dos horários dos ônibus, 7.645 ações.

Em 2018, foram canceladas 35 linhas de ônibus das aproximadamente 1,3 mil que existem no sistema. A maior parte dos cancelamentos foi entre as empesas que operam ônibus maiores com 24 eliminações de linhas. No subsistema dos bairros, houve 11 cancelamentos de linhas.

Com a assinatura dos novos contratos da licitação dos ônibus, cujas últimas homologações ocorreram na semana passada, as eliminações das linhas serão maiores, já que o objetivo com a nova rede de transportes é reduzir os custos do sistema acabando com as sobreposições de itinerários.

A SMT – Secretaria Municipal de Transportes alegou, entretanto, que as mudanças não serão repentinas. Após a assinatura dos contratos, o novo sistema entra em vigor em 120 dias. Somente depois disso vão ocorrer as mudanças das linhas num período entre seis meses e três anos

O balanço mostra ainda que foram restabelecidas 22 das linhas que tinham sido canceladas, a maior parte delas, 21, no subsistema estrutural.

 

 

O relatório ainda aponta que no ano passado, a SPTrans fez 86.129 autos de infração contra as empresas de ônibus, dos quais, 54.017 para o subsistema estrutural e 32.112 para o local.

O total de multas às viações em 2018 chegou a R$ 50,7 milhões (R$ 50.710.124,33).

Quanto às fiscalizações eletrônicas, o descumprimento de viagens respondeu por R$ 23,1 milhões, dos quais R$ 14,1 milhões foram descontados da remuneração das companhias de ônibus, ainda de acordo com o relatório.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes