OPINIÃO: Ônibus limpos a GNV e Biometano em SP

19/01/2018

OPINIÃO: Ônibus limpos a GNV e Biometano em São Paulo e a diversidade tecnológica e energética
 

Fonte: Diário do Transporte
 

Mais abaixo segue o link de um atual e oportuno artigo científico dos colegas pesquisadores do Instituto de Energia e Ambiente – IEE-USP e do Research Centre for Gas Innovation – RCGI, que apresenta alguns cenários futuros comparativos de emissões da frota de ônibus urbanos de São Paulo, considerando uma eventual possibilidade de penetração gradual nos próximos vinte anos dos ônibus movidos a gás natural (um combustível muito limpo e que proporciona redução dos níveis de ruído) – o que ontem (em 17.01.2018) foi vedado pela lei municipal 16.802/2018 sancionada pelo Prefeito João Dória, dada a forma radicalmente inflexível como ela foi redigida.
 

A possibilidade de adoção da tecnologia do gás natural nos ônibus urbanos nos próximos anos na frota do Município de São Paulo, pela magnitude dessa frota de cerca de pouco menos de quinze mil ônibus, poderia ser um fator fundamental para o desenvolvimento do mercado do Gás Natural veicular – GNV e dos motores dedicados à queima de gás. Esse é exatamente o caminho potencial virtuoso de transição para o uso do biometano 100% renovável, em substituição ao GNV, daqui a alguns poucos anos.
 

Note-se, que a diversidade energética e tecnológica está sendo considerada e adotada em muitas grandes cidades de países ambientalmente avançados e ricos, engajadas – no âmbito da iniciativa do grupo de cidades conhecido por C40 – na luta por ar limpo e redução de emissões de CO2 fóssil das frotas de ônibus urbanos, sob o compromisso firmado no “Clean Bus Declaration“.
 

O tema da diversificação tecnológica e energética nessa área não diz respeito exclusivamente à tecnologia do gás e ao biometano, mas também à possibilidade de adoção dos já consolidados e confiáveis ônibus híbridos, das misturas de biodiesel em maiores teores, de outros biocombustíveis sintéticos e do etanol, em motores convencionais a diesel e de células de combustível (hidrogênio). Afinal, vivemos na Meca da diversidade energética e dos biocombustíveis e isso não poderia ser ignorado em planos de desenvolvimento de mobilidade sustentável, dadas as vantagens competitivas que temos nessas áreas.
 

Além do aspecto das emissões praticamente nulas de particulado cancerígeno e das emissões reduzidas de CO2 fóssil, essa abertura de horizontes seria extremamente interessante por aqui, sob o aspecto econômico-financeiro e da salutar diversidade tecnológica e energética – algo que pode estar sendo esquecido no caminho trilhado hoje em São Paulo.
 

Com o agravo da conjuntura econômica atual, estaríamos dispostos a pagar o preço de um descuido como esse?
 

Link do artigo científico dos pesquisadores do Instituto de Energia e Ambiente – IEE-USP e do Research Centre for Gas Innovation – RCGI:
 

https://link.springer.com/article/10.1007/s11027-017-9771-y
 

Olimpio Alvares é engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1981, Diretor da L’Avis Eco-Service, especialista em transporte sustentável, inspeção técnica, emissões veiculares e poluição do ar; concebeu o Projeto do Transporte Sustentável do Estado de São Paulo, o Programa de Inspeção Veicular e o Programa Nacional de Controle de Ruído de Veículos; fundador e Secretário Executivo da Comissão de Meio Ambiente da Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP; Diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades – SOBRATT; é assistente técnico do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental – PROAM; consultor do Banco Mundial, do Banco de Desenvolvimento da América Latina – CAF e do Sindicato dos Transportadores de Passageiros do Estado de São Paulo – SPUrbanuss; é membro titular do Comitê de Mudança do Clima da Prefeitura de São Paulo e coordenador de sua Comissão de Transportes e Energias Renováveis; membro do grupo de trabalho interinstitucional de qualidade do ar da Quarta Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (4CCR) do Ministério Público Federal; colaborador do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama, Instituto Saúde e Sustentabilidade, Instituto Mobilize, Clean Air Institute, World Resources Institute – WRI-Cidades, Climate and Clean Air Coalition – CCAC e do International Council on Clean Transportation – ICCT; é ex-gerente da área de controle de emissões veiculares da Cetesb, onde atuou por 26 anos; membro da coordenação da Semana da Virada da Mobilidade.