OPINIÃO: Transporte coletivo é o grande aliado na retomada à normalidade
03/08/2020
Entretanto, ações governamentais e da iniciativa privada devem priorizar a mobilidade em investimentos e ações
ADAMO BAZANI
Ninguém ao certo sabe como será e quanto durará o tal “novo normal”, termo que virou moda ao se referir à tentativa da humanidade de prosseguir a vida até que vacinas contra a Covid-19 sejam distribuídas.
Ocorre que, com todos os cuidados para que novas ondas da doença não surjam, a retomada é necessária, sempre preservando os mais vulneráveis, como idosos e pessoas com problemas crônicos de saúde.
Ao contrário do que muita gente prega, não é e nem será o transporte coletivo o maior risco para as contaminações, desde que operado e gerenciado adequadamente para a atual situação.
Na verdade, o transporte coletivo é e será o grande aliado na retomada rumo à chamada normalidade.
Mas para isso, a mobilidade deve estar no foco das autoridades públicas e da iniciativa privada que, com os atuais recursos e com a rapidez necessária, devem tomar ações que deixem os serviços de transportes públicos mais eficientes.
O normal pode ser “novo”, mas as soluções são bem conhecidas. Para s ônibus, os espaços preferenciais são mais que necessários. Os coletivos devem ganhar velocidade e eficiência para não lotarem. Isso mesmo, lotação nem sempre tem a ver com quantidade de ônibus. O que adianta ter uma frota grande nas ruas se ela toda fica presa em um pedaço na linha por causa dos congestionamentos?
Nova Iorque traz um ótimo exemplo. O jornal The New York Times publicou uma longa reportagem, contextualizada para a realidade brasileira pelo portal especializado em mobilidade Diário do Transporte, que revela que pela primeira vez em 50 anos, os ônibus passaram a transportar mais passageiros que o Metrô.
Segundo a matéria, além de as pessoas se sentirem mais seguras pelo fato de as paradas serem mais arejadas que as estações subterrâneas, o resultado faz parte de uma série de investimentos simples e de baixo custo realizados pela prefeitura: mais faixas simples pintadas nas vias e semáforos que dão preferência aos ônibus.
Veja a matéria em:
Criação de linhas expressas e semi-expressas, além de melhor adequação das linhas à demanda, com possibilidades de mudanças de acordo com as atuais necessidades, estão entre as soluções simples e de fácil aplicação. O poder público precisa ser ágil para atender a estas mudanças porque hoje, na maioria das cidades brasileiras, por mais simples que seja a alteração de uma mera linha, a burocracia ainda é grande demais.
E tanto para os transportes por ônibus ou por trilhos, as medidas de sanitização e limpeza têm mostrado que os sistemas podem ser seguros e contribuírem para que as pessoas tenham acesso ao emprego, renda e a equipamentos de saúde tão essenciais nesta pandemia.