SP reduz frota de ônibus, cancela rodízio e obtém liminar para serviços essenciais

25/05/2018

SP reduz frota de ônibus, cancela rodízio e obtém liminar para serviços essenciais
 

Só metade dos ônibus devem circular na capital paulista nesta sexta
 

Fonte: Folha de São Paulo
 

SÃO PAULO - A restrição de ônibus na capital paulista deve se agravar ainda mais nesta sexta-feira (24), quando a prefeitura estima que metade da frota não tenha combustível para circular, devido à greve dos caminhoneiros que bloqueia estradas e impede a chegada de diesel e gasolina à cidade.

E a tendência é que no final de semana não haja ônibus na cidade. Embora a gestão municipal previsse redução de 40% da frota nesta quinta, no horário mais crítico, às 13h, 79% dos veículos operavam.

Pelo menos duas empresas já anunciaram que não têm combustível, a Transkuba e a Express, que operam 51 linhas nas zonas sul e leste.

Os 1.400 ônibus em circulação na cidade consomem, em média, 1,4 milhão de litros de diesel todos os dias. As empresas possuem tanques de combustíveis em suas garagens, onde os veículos são abastecidos quando param de circular, da 0h às 4h.

Com os estoques em queda, algumas companhias recorreram a postos de gasolina, pagando um combustível pelo menos 11% mais caro, que é a margem de lucro desses estabelecimentos —com a escassez, o que resta de diesel encareceu ainda mais.

Houve empresas que abasteceram em outras garagens e priorizaram linhas mais importantes e com mais passageiros, segundo a SP Urbanuss, sindicato do setor.

A Sambaíba, que opera 1.200 veículos na zona norte e que possui caminhões próprios para fazer o abastecimento conseguiu encher o estoque de diesel e deve operar com toda a frota nesta sexta.

“Não tem porque deixar o ônibus na garagem”, diz Francisco Christovam, presidente da SP Urbanuss. “As dificuldades deverão ser maiores nesta sexta, mas o tempo joga a nosso favor. Com os dias, a tendência é de este conflito se resolver”, afirma.

O rodízio municipal de veículos foi suspenso pelo segundo dia seguido nesta sexta. Metrô e CPTM vão operar com o mesmo número de trens que usam em horário de pico durante todo o dia —em geral, há uma redução de 25% no horário interpicos

Motoristas do Uber relataram que ficaram até uma hora em filas para abastecer, mas não houve desistência em massa. Não houve grandes discrepâncias entre o tempo de espera e o preço das corridas nesta quinta-feira em relação aos demais dias.

O recolhimento de lixo também foi suspenso nesta sexta, e a prefeitura recomenda que os cidadãos não coloquem seus resíduos para fora de casa. Já na quinta, os serviços de recapeamento e tapa-buracos não funcionaram na cidade, já que os veículos não tinham combustível para sair.

A Justiça paulista concedeu liminar à Prefeitura de São Paulo e determinou a “imediata cessação dos atos de protesto que impeçam, obstaculizem ou prejudiquem a saída, transporte ou entrega de combustível para serviços essenciais do município”. Em caso de descumprimento, haverá multa diária de R$ 1 milhão.

A decisão é do juiz José Gomes Jardim Neto, da 9ª Vara de Fazenda Pública, e atende a pedido da prefeitura, que argumenta que a paralisação causa transtornos a serviços essenciais, como transporte público e limpeza urbana. O juiz autorizou o uso da polícia para forçar o fim da greve.

Nesta quinta, o prefeito Bruno Covas (PSDB) prometeu ajuizar uma ação civil pública ao fim dos protestos demandando ressarcimento aos cofres públicos pelos prejuízos causados pela paralisação.