O futuro ainda distante

17/12/2020

Fonte: Revista AutoBus

 

O futuro ainda distante

Podemos liderar os mercados mundiais em desenvolvimento no tocante a legislação ambiental, mas estamos longe de alcançar os frutos dos países desenvolvidos

O futuro ainda distante

Artigo

Quanto tempo de vida o ser humano tem na Terra? Pergunta previsível de responder se levarmos em consideração motivos bem conhecidos que tanto interferem no modelo de sobrevivência da raça humana. Exaurir os recursos naturais e destruir o ecossistema tem sido a gana dos negócios que almejam o lucro sem limites, com mobilizações sob a tutela governamental, que em muitos casos, dão guarida à devastação e proporcionam um caminho sem volta para um futuro sombrio.

O manejo sustentável luta contra a falta de planejamento e com o desenvolvimento irracional desenfreado. Florestas são postas abaixo, fontes de água (recurso finito) padecem nas mãos de pessoas sem o zelo ambiental, as cidades crescem de forma desordenada e o exagero consumista contribuem com o impacto negativo ao modelo de vida da sociedade contemporânea. Decisões governamentais que negam a ciência estão pavimentando a estrada para que o planeta Terra jogue toda a sua ira para os pobres mortais que nele habitam.

Mas, ainda resta esperança e com o uso da inteligência, podemos conseguir reverter, de fato, os estragos que estamos causando a nós mesmos. O Brasil tem todas as condições de liderar um movimento pró-revolução do bem, com vistas à sustentabilidade ambiental em diversos setores em sua escala econômica. O tempo é escasso e esse contexto já deveria estar presente na agenda governamental do País há tempo, com ações e medidas políticas determinadas em conjunto com a sociedade e organismos que defendam a pauta ambiental.

Veja o exemplo do transporte brasileiro, aquele feito pelo ônibus no cenário urbano. Temos conhecimento de causa, uma das melhores (se não a melhor) indústria fabricante do veículo do mundo, além da capacidade e ambiente para uso das variadas tecnologias de tração. Contudo, paramos no tempo. Os sistemas de mobilidade coletiva realizados pelo modal pedem água há tempos, sem receber devidas atenções por parte dos poderes públicos, que fazem vista grossa e não buscam imprimir o conceito evolutivo que favoreça a operação e traga benefícios à sociedade.

Podemos liderar os mercados mundiais em desenvolvimento no tocante a legislação ambiental, mas estamos longe de alcançar os frutos dos países desenvolvidos, que há anos souberam valorizar o modal, fixando metas de modernidade, tanto no caráter construtivo, como em termos de emissões de poluentes, estabelecendo regras rígidas para a introdução de trações mais limpas. Ficamos com o gap e esperamos uma evolução que demora a acontecer, resultado da carência de políticas de investimentos, de sustentabilidade financeira e ambiental. Ainda discutimos a presença do motor dianteiro nos chassis, a ausência de uma via com condições plenas de operação, se o futuro das normas mais rígidas de emissões pode esperar um pouco e quanto o pobre passageiro vai arcar para manter os atuais sistemas e serviços urbanos. O consenso ainda está um pouco longe de ser alcançado.

Diz um antigo livro, intitulado “Brasil, País do Futuro”, que a cultura, as belezas e as oportunidades de crescimento são motivos para pensar numa grandeza, garantindo um futuro sem igual à uma nação que tinha (ou tem) tudo para dar certo. Pois é, passados quase 80 anos, ainda vivemos com essa espera de que tudo irá mudar de fato. Claro, continuamos com nossas belezas, com a cultura, com a simpatia do povo e com a vontade de sermos melhores. Só.

O prognóstico de Stefan Zweig, judeu-austríaco, radicalizado na cidade fluminense de Petrópolis, autor do referido livro, pode ser atingido. É preciso acreditar no potencial brasileiro, com atitudes sérias, comprometidas com o ideal do desenvolvimento racional, para tornar o País melhor, que ofereça uma vida justa e satisfatória à seu povo.

Reflexão é fundamental neste momento. Feliz Natal!!!