Por medo de Covid-19, 60% dos paulistanos estão evitando transporte público, diz Datafolha

13/11/2020

Fonte: Diário do Transporte

Trem da CPTM

Preferência tem sido por táxis, aplicativos e deslocamentos a pé. Estudos têm mostrado que transporte coletivo não é o vilão da pandemia

ADAMO BAZANI

O medo de contaminação pela Covid-19 ainda está afastando as pessoas do transporte coletivo em São Paulo.

É o que mostra uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 12 de novembro de 2020.

Segundo o levantamento que ouviu 1.512 eleitores a partir de 16 anos, entre os dias 09 e 10 de novembro, 60% das pessoas entrevisadtas disseram que estão evitando os ônibus, trens, metrô e monotrilho.

A pesquisa foi encomendada pela Folha de São Paulo e pela TV Globo e tem margem de erro de três pontos para baixo ou para cima.

Em torno de 39% dos eleitores estão usando mais o carro particular e 48% têm feito mais viagens de carros de aplicativo ou táxis.

Já o aumento do uso de bicicleta foi de 10%, ainda de acordo com a pesquisa.

A grande alta dos deslocamentos, entretanto, foi a pé: 78% das respostas mostraram que as pessoas estão preferindo chegar aos seus compromissos andando.

RENDA:

Quanto maior a renda dos paulistanos, maior é a rejeição ao transporte público por causa da pandemia.

Entre as pessoas com renda a partir de dez salários-mínimos, 69% dizem evitar se deslocar de ônibus, trens e metrô. O resultado cai para 57% para pessoas com renda de dois salários mínimos.

A opção de se deslocar de carro próprio em vez de transporte público foi respondida por 26% das pessoas com renda até dois salários-mínimos, 54% entre os que ganham mais de dez salários-mínimos e 56% para os eleitores que estão na faixa entre cinco e dez salários mínimos.

O maior temor de contágio é em relação a lotação dos ônibus e sistemas metroferroviários.

TRANSPORTE COLETIVO NÃO É VILÃO:

Estudos nacionais e internacionais têm demonstrado que o transporte público não é o grande vilão de contágio pela Covid-19, havendo locais de maior risco de contaminação, muito embora seja importante manter o máximo de distanciamento possível e uso de máscaras durante as viagens.

No inquérito sorológico da capital paulista divulgado em 28 de agosto de 2020, a prefeitura de São Paulo informou que entre os que declararam usar o transporte público, a prevalência foi de 10,3%, bem menor que as pessoas que moram em casas com cinco ou mais ocupantes, e um pouco menor entre as pessoas que não usam o transporte coletivo que totalizaram 11,3%.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2020/08/28/risco-de-contagio-pela-covid-19-em-transporte-publico-e-menor-que-em-residencias-com-cinco-moradores-ou-mais-diz-inquerito-sorologico-da-capital-paulista/

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da universidade de Stanford e divulgado nesta  semana pela revista científica Nature relacionou os locais onde são maiores os riscos de contaminação pela pandemia e o transporte público não figurou na lista:

Restaurantes;

Academias de ginástica;

Cafés e bares;

Hoteis e moteis;

Restaurantes que oferecem um serviço limitado, quando as pessoas podem comprar a comida ou até sentar-se para comer, mas devem pagar antes;

Centros religiosos;

Consultórios médicos;

Mercados;

Lojas de mercadorias usadas;

Pet shops;

Lojas de equipamentos esportivos;

Outras lojas;

Lojas de brinquedos ou de hobbies;

Lojas de material de construção;

Lojas de peças automotivas;

Lojas de departamento;

Postos de gasolina (quando o próprio motorista abastece o carro);

Farmácias;

Lojas de conveniência;

Concessionárias de veículos.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores rastrearam os celulares entre março e maio.

Foram rastreados, com consentimento, 98 milhões de pessoas em dez cidades norte-americanas.