SPTrans anuncia parceria para combater assédio sexual nos ônibus da capital paulista

06/03/2020

SPTrans anuncia parceria para combater assédio sexual nos ônibus da capital paulista

Evento debateu como evitar o problema no transporte público


Fonte: Diário do Transporte 
 

Mulheres anunciaram trabalhos para reduzir os casos de assédio e violência


Jessica Marques 


A SPTrans (São Paulo Transporte) anunciou uma parceria com as secretarias de Direitos Humanos e Cidadania e de Mobilidade e Transportes para combater o assédio sexual nos ônibus da cidade de São Paulo.

A informação foi divulgada na manhã desta sexta-feira, 06 de março de 2020, em uma roda de conversa realizada pela SPTrans com o tema “Ponto Final ao Abuso Sexual nos Ônibus de São Paulo”

“Estamos renovando votos porque já fazemos um trabalho entre as secretarias”, disse a secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Claudia Carletto.

O termo de cooperação tem como objetivo fortalecer as ações que já são realizadas e ampliar o combate ao assédio sexual no transporte coletivo.

“As mulheres não devem ter vergonha. Tem que parar o ônibus e ir para a delegacia para eles [assediadores] saírem de circulação e a gente por um ponto final no assédio sexual”, afirmou o secretário de Mobilidade e Transportes, Edson Caram.

A chefe de gabinete da SPTrans, Luciana Durand, afirmou que 55% de quem usa ônibus na capital paulista são mulheres. O número reforça a importância de ações para coibir o assédio no transporte coletivo.

Luciana listou algumas ações realizadas para combater esse crime. Entre elas estão campanhas para incentivar denúncias e o treinamento dos funcionários para que as mulheres não sejam julgadas e o assediador seja punido.

“Já foram 152 mil funcionários impactados por esse treinamento, o total de colaboradores da frota. Isso chega a ser um termo obrigatório no novo contrato e a reciclagem ocorre de 12 em 12 meses”, disse.

“No novo contrato temos a obrigatoriedade de instalação de câmeras de monitoramento para que o potencial agressor não se sinta impune pelos seus atos e traz ainda segurança para os usuários, como um todo, mas acima de tudo para a mulher”, completou.

Luciana afirmou ainda que quando há um caso de abuso sexual nos ônibus da cidade, as portas são fechadas e as autoridades são acionadas.

A proprietária da empresa de ônibus da Zona Leste de São Paulo Express, Angela Agoston, ressaltou a importância da união das mulheres em prol da causa.

“A gente passa vários tipos de assédio, não é só alguém encoxando na gente. São preconceitos no dia a dia, gente tem que encarar essa situação e se colocar no lugar dessas passageiras. Na empresa nós fazemos os treinamentos e as ações não devem ficar só nessa semana da mulher. Temos que sempre continuar esse trabalho”, afirmou.

Também presente no debate, a sócia da empresa AliBuss transporte, Sandra Pinho Barbosa da Silva, afirmou que na empresa menos de 1% das mulheres são motoristas e que estar no setor de transportes sendo mulher infelizmente ainda significa ser discriminada.

“Eu também já fui importunada no transporte público e dentro da empresa. Parece que ser mulher é passar por isso. Sou mãe de menina e ensino que não temos que ter vergonha. Quem tem que se envergonhar é o homem”, disse.

A empresária ressaltou a importância da medida que permite que os ônibus parem fora do ponto. Segundo Sandra, muitas passageiras da empresa utilizam esse recurso.