SPTrans prevê operação completa do novo sistema de monitoramento de ônibus e do Centro de Operações até o final de 2026
22/04/2025
Fonte: Diário do transporte
SPTrans prevê operação completa do novo sistema de monitoramento de ônibus e do Centro de Operações até o final de 2026
Publicado em: 17 de abril de 2025
COP permitirá o monitoramento e controle em tempo real de toda a operação, com o objetivo de melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços; passageiros terão acesso ao sistema com informações em tempo real a partir da implementação total do SMGO
ALEXANDRE PELEGI
A Secretaria de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT) e a SPTrans informaram ao Diário do Transporte nessa quarta-feira, 16 de abril de 2025, que o Sistema de Monitoramento e Gerenciamento Operacional (SMGO) está em desenvolvimento e a previsão é que esteja em plena operação até o final de 2026. Este prazo também se aplica à entrega do novo Centro de Operações (COP) da SPTrans, espaço que irá monitorar e controlar o sistema de ônibus da cidade de São Paulo.
A construção do COP é um passo importante para a modernização do sistema de transporte público da capital paulista. O complexo permitirá o monitoramento e controle em tempo real de toda a operação, com o objetivo de melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços.
De acordo com as informações da SPTrans, a partir do funcionamento completo do SMGO, os passageiros dos ônibus poderão ter acesso ao sistema BusTime, que disponibilizará as informações do "Módulo de Informações aos Usuários". Isso permitirá que os usuários acompanhem dados em tempo real sobre a circulação dos veículos.
Ainda em relação ao desenvolvimento de novos serviços, a SPTrans esclareceu que, após a plena operação do SMGO, a incorporação de outros serviços de Transporte Responsivo à Demanda (DRT) poderá ser avaliada, conforme a necessidade. O sistema estará preparado para monitorar novas ofertas de transporte.
Embora a expansão do DRT para complementar rotas fixas em áreas de baixa densidade e horários de menor movimento seja prevista na licitação, a SPTrans indicou que essa avaliação ocorrerá somente após a implementação completa do SMGO. Contudo, o Módulo de Transporte Responsivo à Demanda (DRT), com foco nos serviços Atende+ e Transporte Escolar Gratuito (TEG), continua com a previsão de implementação no primeiro semestre de 2025.
Todas as informações constam do Relatório de Administração 2024 da SPTrans.
NOVO COP
A prefeitura de São Paulo divulgou no dia 1º de abril de 2025, o novo Plano de Metas para a gestão entre 2025 e 2028.
A Meta 13 trata do novo Centro de Operações (COP), que sediará a operação do SMGO. A prefeitura afirma que vai entregar o novo COP "para melhorar o monitoramento da frota de ônibus municipal e a qualidade do serviço prestado". Segundo a prefeitura, o novo Centro de Operações, com o Sistema de Monitoramento e Gestão Operacional do Transporte Coletivo Público da cidade de São Paulo (SMGO), " permitirá uma gestão muito mais eficiente da rede de transportes, que oferecerá mais segurança, previsibilidade, rapidez e comodidade a 7,3 milhões de passageiros ".
Como noticiou o Diário do Transporte , a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) e a Secretaria Executiva de Transporte e Mobilidade Urbana (SETRAM) publicaram no dia 02 de dezembro de 2024 as notificações de adjudicação dos contratos para o novo Centro de Operações do sistema de transporte público da cidade.
O COP será instalado no Complexo Santa Rita e contará com uma rede de dutos para transmissão de dados da SPTrans. O novo centro operacional da SPTrans funcionará em uma área de 3.183 m² dentro do complexo Santa Rita.
Pelos prazos dos dois contratos (18 meses), e se tudo correr bem, o COP estará pronto no segundo semestre de 2026.
Gerenciamento
O primeiro, de nº 10/SMT.SETRAM/2024, se refere a serviços especializados de gerente de projeto para acompanhamento técnico e supervisão socioambiental das instalações do COP. O consórcio Egis Engenharia e Consultoria foi declarado vencedor pelo Menor Custo, com proposta de R$ 4,8 milhões (R$ 4.857.517,12), com validade por 18 meses.
O consórcio é formado pelas empresas formado pelas empresas Concremat Engenharia e Tecnologia e Anton Engenharia e Urbanismo. A segunda proposta no certame foi apresentada pelo Consórcio TUV Rheinland-Encibra (formado pelas empresas Tüv Rheinland Ductor e Encibra S.A. Estudos e Projetos de Engenharia) , no valor de R$ 5.708.808,59.
Como mostrou o Diário do Transporte , a SPObras lançou em 18 de maio de 2023 um aviso de solicitação de Manifestação de Interesse para a contratação de empresa de consultoria para a execução dos serviços técnicos profissionais especializados de apoio ao gerenciamento do projeto do corredor BRT, parcialmente financiada pelo BIRD - Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial).
Obras e implantação
O segundo contrato, nº 11/SMT.SETRAM/2024, será assinado com o Consórcio X4-IVR, formado pelas empresas: Mendes Holler Engenharia Comércio e Consultoria (Líder), Almeida França Engenharia e Solidata Informática e Telecomunicação, destinado à instalação do COP.
O X4-IVR foi o único participante do certame.
No valor de R$ 84,5 milhões (R$ 84.551.270,06), com prazo de 18 meses, a contratação inclui, entre outros, Serviços Especializados de Engenharia para Desenvolvimento de Projeto Executivo, Execução da Obra, Aquisição de Servidores, Computadores, Monitores, Hardware, Serviços de Telecomunicação, Software, Dispositivos ou Serviços de Armazenamento, Mobiliário e acessórios diversos necessários para o seu funcionamento e Instalação da Rede de Dutos para Transmissão de Dados - RTD.
BANCO MUNDIAL
O projeto do COP está inserido no projeto de implantação do BRT Aricanduva para efeitos de financiamento do Banco Mundial.
A Prefeitura da capital assinou um Acordo de Empréstimo junto ao Banco para a realização do Projeto do Corredor de Trânsito Rápido de Ônibus e pretende aplicar parte dos recursos em Serviços de Consultoria.
O Projeto Corredor BRT Aricanduva visa melhorar a acessibilidade a empregos para os usuários de transporte público socialmente vulneráveis na área de influência de seus cerca de 14 quilómetros, e aumentar a eficiência operacional do sistema de ônibus da cidade de São Paulo, com a implantação de um Centro de Controle Operacional.
SMGO e DRT (transporte sob demanda)
O SMGO é um sistema de monitoramento que reúne todos os equipamentos embarcados nos veículos (sensores, GPS, UCP, validadores, VOIP), adiciona ainda tecnologias avançadas como inteligência artificial e computação em nuvem, para assim ter em mãos dados que serão usados para o controle e o planejamento operacional, a fiscalização, a gestão de crises e a comunicação com os usuários em tempo real. E tudo isso com um dinamismo e uma exatidão inéditos na capital.
Já o DRT chega para permitir que os passageiros possam solicitar suas viagens no transporte público de uma maneira personalizada, fazendo uso de um aplicativo para definir quando e onde desejam ser atendidos em seus deslocamentos.
A expectativa é que a novidade traga menos tempo de espera e maior conforto para os passageiros, além de otimização de recursos através de um uso mais eficiente da frota existente.
Implantação modular e benefícios
Segundo a SPTrans, a implementação do DRT será feita de forma modular, com foco inicial nos serviços que já operam na cidade, como o Atende+, que oferece transporte gratuito para pessoas com deficiência, e o Transporte Escolar Gratuito (TEG).
O próprio texto da licitação, porém, garante que o DRT não vai parar nestes dois públicos segmentados, devendo ser incorporado como um complemento às rotas fixas já existentes para melhorar a oferta de transporte em áreas de baixa densidade e nos horários de menor movimento.
No entanto, resta a dúvida sobre quando e como este uso mais amplo do DRT deve virar realidade na capital paulista. Questionada pelo Diário dos Transportes , a SPTrans disse apenas que o tema "está em análise, levando em consideração as características do fluxo dos passageiros". Provavelmente a gerenciadora do transporte da capital paulista deva realizar algumas aplicações testes, em áreas determinadas, antes de escalar o projeto.
Experiências com o DRT
O uso do DRT não é novo no mundo. Mais de 180 serviços já estão em operação, com destaque para a forte presença no Reino Unido, França, Espanha, Austrália e muitos outros.
A AT Local, a maior agência de transporte da Nova Zelândia, lançou seu serviço DRT em execução em 2021, em Takaanini, Conifer Grove e expandindo para os centros das cidades de Papakura em Auckland, fornece acesso ao transporte para mais 6.400 residentes em Papakura, com um aumento na cobertura de serviço de 38%. Movimentando mais de 150 mil pessoas desde o seu lançamento, reduziu viagens desnecessárias de carro de ocupação individual, fornecendo transporte vital para aqueles que mais precisam.
Outro exemplo recente é o do Transport for Greater Manchester (TfGM), órgão do governo local responsável pela organização dos serviços de transporte na região de Manchester, na Inglaterra. O TfGM firmou uma parceria para modernizar seus serviços Ring & Ride e Local Link, visando a integração total à sua Bee Network. A Bee Network é um sistema de transporte integrado para a região de Grande Manchester, lançado em 2018. O objetivo é criar um sistema de transporte semelhante ao de Londres, incentivando as pessoas a usar o transporte público em vez de carros.
A região recentemente se tornou a primeira área fora de Londres a franquear totalmente sua rede de ônibus, permitindo ao TfGM gerenciar diretamente rotas, tarifas, padrões de serviço e integração de tecnologia. A Via, empresa que detém 24% do mercado global de transporte sob demanda e já opera 35 esquemas de transporte responsivo à demanda no Reino Unido, introduzirá o agendamento inteligente nos serviços de Manchester.
Já o Ring & Ride oferece transporte para pessoas com deficiência e idosos com dificuldades de locomoção na Grande Manchester, enquanto o Local Link é um serviço de microônibus flexível para viagens locais em áreas com serviços de transporte público limitados, atendendo diariamente a mais de 850 passageiros. A modernização trará como benefícios principais novas opções de reserva, incluindo um aplicativo móvel com informações e atualizações em tempo real. A tecnologia da Via fará o agendamento dos veículos, combinando passageiros que viajam na mesma direção em veículos compartilhados. Relembre:
Já no Brasil, a cidade de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, lançou o "Teu Bus" em 2023, um serviço de transporte sob demanda que apresenta índices elevados de satisfação. A concessionária local, a Transbus, utiliza a tecnologia da Liftango/Optai para a oferta de um serviço que pode ser definido como um transporte coletivo porta a porta e que tem cerca de 8 mil passageiros por mês em uma cidade com cerca de 130 mil habitantes.
Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes