Novos tempos

19/08/2022

Fonte: Linkedin 

Imagem - Ronaldo dos Santos

Depois de alguns anos sem um importante evento presencial que evidencia a importância do papel do ônibus na economia brasileira, a volta de uma feira combinada com um seminário dá alento ao setor para que este possa acompanhar a evolução do transporte coletivo.

Como é de conhecimento de quem acompanha mais de perto o modal, há duas considerações a serem feitas: o transporte urbano está em séria crise há anos (com piora na pandemia) e a modalidade rodoviária não deixou que o tempo lhe tomasse espaço, sendo o segmento que mais avançou nos últimos anos.

O que se viu na Lat.Bus 2022 mostra o grande potencial brasileiro na arte de produzir ônibus, tanto o urbano, como o rodoviário. Nossa capacidade permitiu ao País ser protagonista no mercado latino-americano por muito tempo. Contudo, ao dormir sobre os loros da vitória, não acreditou que a concorrência externa (diga-se China) chegasse tão próxima de seus trunfos, lhe tirando parte dos negócios e da rentabilidade.

Porém, como diz o velho ditado – quem é rei não perde a majestade -, a busca pelo retorno desse protagonismo acendeu a luz de alerta da indústria local, que está com um olhar diferente e focado na estratégia de reconquistar o que perdeu, visando o futuro e a oferta de novas tecnologias.

Um passeio pela mostra realizada em São Paulo pode-se comprovar o caráter da modernidade imprimida em cada participante com os seus desenvolvimentos e produtos identificados aos nichos operacionais. Destaque para as inovações, como os chassis com tração 100% elétrica (baterias); as futuras motorizações a diesel Euro VI, que promovem uma bela redução das emissões poluentes, principalmente de óxido de nitrogênio e material particulado, com propostas de configurações mecânicas idealizadas por cada montadora; as carroçarias e suas belas construções que proporcionam conforto, segurança e otimização operacional; as ferramentas tecnológicas de monitoramento e gestão dos serviços e operação; os recursos embarcados nos veículos, como sensores, câmeras, radares e computadores, objetivando a maior segurança nas viagens e no entorno da operação; e as formas de pagamento das passagens, cada vez mais avançadas e que se inserem em uma nova realidade das transações financeiras.

A dedicação e o cuidado de quem toma parte da produção de ônibus e de seus insumos ficou escancarada pela finalidade de retomar o mercado, atendendo às novas demandas presentes nos deslocamentos das pessoas nesse período de pós-pandemia. Todas as empresas se desafiaram em apresentar o melhor e o mais adequado produto ou serviço para a mobilidade do futuro.

Isso revela que o Brasil não é um simples coadjuvante no cenário do transporte coletivo de passageiros na América Latina. A nossa expertise e a evolução dos conceitos são capazes de nos recolocar no patamar da eficiência e da modernidade. E, por último, os três pilares da sustentabilidade – social, econômica e ambiental -, exercem no segmento de passageiros uma condição especial para que o ônibus mantenha sua importância frente aos outros modelos e formas para que as pessoas possam se deslocar, nas cidades, ou pelo País a fora. 

Antonio Ferro
Editor da Revista AutoBus