Com 33 novos ônibus elétricos em São Paulo, frota sobe de 3,2% para 4,5% da meta de Ricardo Nunes

22/03/2024

Fonte: Diário do Transporte 

Não há infraestrutura nas garagens e redes de distribuição, São agora apenas 117 ônibus com bateria; Promessa era de 600 até o fim de 2023 e 2,6 mil até o fim de 2024

Após muitas promessas, altos valores envolvidos e desentendimentos entre prefeitura de São Paulo, ENEL e empresas de ônibus, a quantidade de coletivos elétricos movidos com baterias subiu de 84 para 117 na capital paulista, ou seja, com estes 33 ônibus a mais, a frota atual passou de 3,2% para apenas 4,5% da meta do prefeito Ricardo Nunes de 2,6 mil veículos deste tipo rodando na cidade até o fim de 2024. O anúncio de 600 ônibus até o fim de 2023 não se cumpriu.

Aliás, na novela da eletrificação da cidade de São Paulo, houve até desmentidos mútuos entre o prefeito e a ENEL. Nunes disse que a ENEL subiu de R$ 600 milhões para R$ 1,6 bilhão o orçamento para a infraestrutura e a distribuidora disse que a declaração estava errada e que R$ 1,6 bilhão é a soma de todos as possibilidades de soluções tecnológicas, mas que nem todas serão adoradas porque as empresas de ônibus vão escolher algumas opções somente.

A informação do crescimento da frota foi confirmada pela SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema, ao Diário do Transporte na manhã desta sexta-feira, 22 de março de 2024.

O número quase insignificante em relação às promessas da gestão Ricardo Nunes reflete bem os desencontros do processo de eletrificação da frota de ônibus na cidade de São Paulo cujo principal problema é a falta de infraestrutura nas garagens e redes de distribuição para carregar as baterias destes veículos.

Em nota, a SPTrans coloca na conta da eletrificação os trólebus, mas este tipo de transporte existe na cidade desde 1949 e o prefeito Ricardo Nunes já declarou várias vezes que não pretende manter o sistema mais, descontinuando os investimentos até o fim.

A SPTrans segue trabalhando junto a todos os envolvidos na implantação da infraestrutura para a eletrificação da frota de ônibus da cidade. A meta é substituir 20% da frota de ônibus da cidade por modelos movidos a energia limpa, até o fim de 2024. Atualmente, 318 veículos elétricos já estão circulando, dos quais 117 são movidos à bateria e 201 trólebus. A frota operacional do município é de 11.950 ônibus. O processo de eletrificação da frota foi iniciado em 2019, com os primeiros 19 ônibus movidos a bateria e, desde setembro do ano passado, estão sendo incluídos novos veículos. – diz a nota da gerenciadora.

A cidade de São Paulo desde 17 de outubro de 2022 proibiu as compras de ônibus a diesel.

A frota de ônibus na capital paulista está envelhecendo porque não é possível mais trazer coletivos a diesel, mas ao mesmo tempo, não há infraestrutura para a distribuição de energia e recarga de baterias para os ônibus elétricos, que estão sendo comprados, mas não podem rodar.

Em 18 de outubro de 2023, o prefeito Ricardo Nunes anunciou durante a entrega de 50 ônibus elétricos da nova geração, que até 31 de dezembro daquele ano, seriam 600 veículos deste tipo em circulação na cidade.

Financiamento até tem. São R$ 5,75 bilhões em empréstimos assumidos pela prefeitura de São Paulo junto a instituições financeiras nacionais e de fora do País.

Entretanto, não houve ainda acordo entre a SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema municipal, as empresas operadoras da cidade e a ENEL, distribuidora de energia.

São necessárias duas frentes: a infraestrutura de recarga de baterias dentro das garagens e a rede de distribuição nos bairros onde ficam as empresas de ônibus.

Estudo da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontam que em bairros com redes de baixa tensão (que são a maioria na cidade de São Paulo), se 50 ônibus carregarem as baterias ao mesmo, ainda que na madrugada, vai cair a energia das casas das pessoas, comércios e hospitais.

Os bairros das garagens devem ter subestações iguais das estações de trem e metrô e a rede deve ser de média ou alta tensão.

ADAMO BAZANI