É difícil atender rigorosamente 5 ou 10 minutos de intervalo , admite diretor da SPTrans sobre atrasos nos ônibus da cidade de SP

08/04/2024

Fonte: G1 

Usuários narram que espera por ônibus chega a mais de 40 minutos diariamente e tem gerado revolta e quebra-quebra. Mas Wagner Chafas Alves, diretor de operações da SPTrans, afirma "ser normal" os usuários de todas as regiões reclamarem: Trabalhador pega 5h, 6 horas da manhã. Para ele ficar cinco, dez minutos no ponto é difícil.

Pressionado por conta do aumento constante das reclamações sobre atrasos e superlotação de ônibus na cidade de São Paulo, o diretor de operações da SPTrans, Wagner Chafas Alves, admitiu nesta quinta-feira (5) que a empresa não consegue reduzir os intervalos entre os coletivos da capital.

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Em entrevista ao SP2, Wagner Chafas afirmou "ser normal" os usuários de todas as regiões reclamarem da longa espera por um coletivo, especialmente nas periferias e nos horários de rush da manhã.

"É normal eles reclamarem, eu também reclamaria, né? Eu também reclamo quando vou tomar o ônibus, porque, o que que acontece, você tem uma cidade que é difícil... difícil atender rigorosamente cinco minutos de intervalo, 10 minutos de intervalo [entre os ônibus]. Você não consegue fazer isso. É muito difícil", afirmou (veja vídeo acima).

E o trabalhador pega 5h, 6 horas da manhã. Para ele ficar cinco, dez minutos no ponto é difícil. A gente sabe disso. Mas a gente procura fazer o melhor possível para que ele tenha um transporte de qualidade, transparência para ele reclamar. (...) E a gente sempre dá atenção em todas as reclamações, todas sem exceção", completou.

O SP2 vem mostrando há dois dias que as reclamações sobre as linhas de ônibus da capital tem crescido e irritado os usuários (veja vídeo acima).

O estopim foi o quebra-quebra ocorrido no Terminal Varginha, na Zona Sul, na noite de 21 de março.

Naquela ocasião, passageiros cansados da espera de quase duas horas por um ônibus da linha 6072/10 Jd. São Nicolau - Term. Varginha se irritaram e quebraram um balcão do fiscal da empresa Transwolff, que cuidava da linha.

Durante a manhã, na ida para o trabalho, a espera supera os 40 minutos, segundo contam os passageiros.

Após a confusão, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pediu desculpas aos usuários e prometeu solução para o caso em até 24 horas.

Um dia depois do quebra-quebra, a SPTrans transferiu seis linhas que operam na Zona Sul para outras empresas, com o objetivo de desafogar o atendimento da Transwolf na região.

Mas na noite de quarta-feira (3), o SP2 voltou ao Terminal Varginha e constatou que o problema persiste na maior parte das linhas transferidas para as empresas Mobibrasil e Viação Grajaú.

Na linha 6072/10 Jd. São Nicolau - Term. Varginha, alvo do quebra-quebra no fim de março, os usuários afirmaram que no período da noite ao menos cinco filas diferentes se formam para conseguir pegar um ônibus da linha, que continua sendo administrada pela Transwolff (veja vídeo abaixo).

Somente após a chegada da reportagem, novos ônibus da empresa foram surgindo para atender os usuários. Alguns dos veículos foram tirados de outras linhas, para evitar o registro das longas filas no Terminal Varginha.

Como as reclamações dos ônibus vem de toda a cidade, não só da zona sul, o prefeito Ricardo Nunes admitiu nesta quinta que a fiscalização da SPTrans precisa melhorar.

"Uma das vezes eu cheguei lá, na SPTRANS de surpresa, pedi o relatório e não me deram o relatório, evidentemente fiquei muito bravo e a partir dali eles passaram a fazer a contratação de um sistema, um software mais avançado que vai nos dar muito mais assertividade nessa fiscalização", afirmou Nunes.

Troca de empresas na Zona Sul

A SPTrans anunciou em 21 de março que vai trocar a empresa operadora de seis linhas de ônibus que operam nos terminais Varginha e Parelheiros, na Zona Sul de São Paulo.

As seis linhas eram operadas pela empresa Transwolff e vinham sendo alvo de muita reclamação da população.

A decisão sobre a troca aconteceu após o quebra-quebra observado no Terminal Varginha, após os usuários da região esperarem mais de duas horas por um veículo da linha 6072/10 Jd. São Nicolau - Term. Varginha.

Revoltados com a demora, ao menos dois homens quebraram a bancada de um fiscal da Transwolff (veja vídeo acima).

As cenas levaram o prefeito Ricardo Nunes (MDB) a pedir desculpas para os passageiros e chamar a empresa Transwolff de irresponsável .

Nunes determinou ação imediata da SPTrans nesta quinta (20) e, depois de reuniões com todas as operadoras da região Sul, foi anunciado o rearranjo das linhas a partir do sábado (23).

Passam a ser operadas pela Viação Mobibrasil:

695D/10 Jd. Sta. Bárbara- Metrô Jabaquara

6002/10 Cid. Dutra - Hosp. Pedreira

677V/10 Jd. Alpino - Est. Grajaú

6110/10 Conj. Hab. Palmares - Aeroporto

Passam a ser operadas pela Viação Grajaú:

6026/10 Jd. Icaraí - Term. Sto. Amaro

637V/10 Pq. América - Term. Sto. Amaro

"Com a mudança, as linhas operadas pela Transwolff que atuam nas regiões dos Terminais Varginha, Parelheiros e Grajaú, terão uma nova programação operacional para garantir a boa qualidade do serviço, envolvendo rapidez, conforto, regularidade e segurança, conforme exigido pela SPTrans", disse a SPTrans em comunicado.

"A operação também terá ônibus maiores, haverá a substituição de ônibus menores (Midônibus e Básicos) por modelos com maior capacidade (Padron)", declarou a gestão Nunes.

Desculpas do prefeito de SP

Por conta da confusão de quarta (20), no Terminal Varginham, o prefeito de São Paulo pediu desculpas aos passageiros da Zona Sul de São Paulo que ficaram mais de duas horas esperando um ônibus da viação Transwolff.

O prefeito chamou o atraso da Transwolff de "inaceitável e irresponsável" afirmou que os representantes da empresa já foram convocados na SPTrans para apresentarem uma solução para o problema ainda nesta quinta-feira (21).

"É absolutamente inaceitável o que fizeram com os usuários e eu vi as imagens do terminal ontem. O Levy já convocou os responsáveis da empresa para poderem ir na SPTrans e apresentarem soluções para essa situação ainda hoje", disse o prefeito.

"Não vou aceitar isso em hipótese alguma. Deixo aqui meu pedido de desculpas àquelas pessoas que ficaram horas esperando o ônibus por uma ação irresponsável de uma empresa que tem a concessão do transporte em SP. Nós vamos tomar atitudes, seja de multas, seja de suspensão, seja de adequação de linhas, seja de algum problema operacional da nossa parte que precisa acontecer , completou.

Problema antigo

Durante a entrega de melhorias no Terminal de ônibus de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na manhã de quinta (21), Nunes reconheceu que os problemas da Transwolff não são novidades na Zona Sul e que a SPTrans vai ter que tomar medidas duras contra a concessionária.

"Essa empresa vai ter que responder pelo que fez com os passageiros. Não é aceitável que as pessoas que trabalham o dia inteiro vão pegar o ônibus para ir para sua casa pra que tenham seu momento de descanso, tenham que ficar além do tempo necessário pelo ônibus que não tem a sua partida", declarou.

"Peço desculpas e garanto a vocês e digo que não faltará por parte da Prefeitura de SP o reconhecimento do problema e ações necessárias para corrigir o problema".

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Confusão no Terminal Varginha

Um passageiro revoltado com a demora das chegadas e partidas dos ônibus no Terminal Varginha, na Zona Sul de São Paulo, fez um quebra-quebra no mobiliário da empresa concessionária na noite desta quarta-feira (20) (veja vídeo acima).

O flagrante foi registrado durante o horário de grande movimentação, entre 21h e 22h. Usuários narraram a espera de mais de duas horas para conseguir embarcar nos coletivos da viação Transwolff, que faz a linha 6072/10 Jd. São Nicolau - Term. Varginha, na direção de Parelheiros.

No vídeo, é possível ver o homem de camiseta rosa jogando o móvel dos fiscais da empresa para todos os lados, enquanto é acompanhado por gritos de apoio de vários passageiros que aguardavam na fila para embarcar. Ele aparentemente é apoiado por outro homem de azul.

Nas imagens também é possível ver um ônibus da Transwolff completamente lotado, enquanto outras dezenas de passageiros aguardam em outra fila para embarcar.

Nas redes sociais, usuários da linha narraram que o terminal chegou a formar sete filas diferentes da mesma linha 6072/10 no horário entre 19h e 22h.

Por nota, a SPTrans disse que notificou a concessionária responsável pela operação da linha 6072/10 e está "realizando reuniões para que sejam tomadas as medidas necessárias para que o serviço dos coletivos esteja de acordo com o padrão exigido pela cidade de São Paulo".

Segundo o órgão, as autoridades policiais foram acionadas para conter o manifestante.

"Todas as partidas são fiscalizadas pela SPTrans 24h por dia, eletronicamente, por meio dos equipamentos de GPS instalados em toda a frota de ônibus que opera no sistema de transporte coletivo público da cidade. Quando constatados descumprimentos das viagens, a concessionária responsável é multada", disse a gestão Ricardo Nunes (MDB) .

O que disse a empresa de ônibus

Por meio de nota, a concessionária Transwolff disse que "lamenta o ato de vandalismo no Terminal Varginha na noite desta quarta, dia 20" e disse que registrou boletim de ocorrência da ação.

A empresa, entretanto, admitiu que não está prestando os serviços de forma adequada para a população.

"Essa manifestação de duas pessoas, e não da população, corrobora como suspeita. Admitimos que a operação não está no padrão Transwolff, mas isso não justifica essa cena lamentável de destruição do patrimônio público. Pedimos desculpas para a população e vamos resolver estas questões muito em breve", declarou a empresa.

Subsídio de R$ 5,3 bilhões

Vale lembrar que durante todo o ano de 2023, a Prefeitura de SP gastou R$ 5,3 bilhões do orçamento municipal para subsidiar as empresas de ônibus e manter a tarifa congelada em R$ 4,40. Apesar disso, o número de reclamações dos usuários cresceu 51% em um ano (veja vídeo abaixo).

Para 2024, os cálculos da SPTrans apontam que a cidade vai gastar cerca de R$ 7,2 bilhões para o subsídio do transporte ea capital, já que o prefeito Ricardo Nunes optou por manter a tarifa congelada pelo quarto ano seguido, em virtude do ano eleitoral.

Desde 2020 houve aumento real nos preços dos insumos que definem o valor do custo do sistema de transporte, o que ocasiona aumento na necessidade de investimento. Ao mesmo tempo, desde então a tarifa de ônibus tem sido mantida no valor de R$ 4,40 para garantir o acesso da população ao transporte público, sem impactar no orçamento das famílias , disse a gestão Nunes.

Autor(a): Por Phillipe Guedes, TV Globo e g1 SP - São Paulo